Última atualização: 20/09/2022 às 18:54:00
“Quando aprendemos a conviver com o outro, independentemente de quão diversos nós somos e de quão diverso é o outro, nos tornamos mais humanos”. A frase da servidora Clarissa Gomes de Sousa, da Seção Judiciária da Paraíba (SJPB), resume bem não só o segundo dia de programação, mas a I Semana de Acessibilidade e Inclusão como um todo. Com o tema “Capacitismo e os desafios das pessoas com deficiência”, a palestra desta terça-feira (20), que contou com transmissão ao vivo através do canal do Tribunal Regional Federal da 5ª Região - TRF5 no YouTube, mostrou que entender sobre o protagonismo das pessoas com deficiência (PCDs) também é uma forma de crescimento individual e social.
A abertura do evento foi realizada pelo desembargador federal convocado Marco Bruno Miranda, que ressaltou o compromisso institucional com o anticapacitismo, movimento de transformação social em defesa do respeito à diversidade e à subjetividade. Para as palestras, foram convidados o consultor em Políticas Públicas de Acessibilidade, Hellosman de Oliveira Silva, e a militante do movimento da pessoa com deficiência e participante do coletivo Serviço Social Anticapacitista, Fábia Halana Pita. A mediação ficou por conta de Clarissa Gomes.
Hellosman abordou os conceitos de deficiência, acessibilidade e barreiras, bem como os normativos brasileiros que tratam sobre o tema. Ele apresentou um contexto histórico das pessoas com deficiência, desde a Idade Média, quando se acreditava que as PCDs deveriam ser exterminadas, até o modelo ideal de inclusão, que trabalha o protagonismo e a equiparação de oportunidades. “Estamos no processo de construção desse modelo social de inclusão, onde a ideia é que a diversidade humana se sobressaia pelo contexto do indivíduo. Nesse modelo, a ideia não é que nós, pessoas com deficiência, temos que nos preparar para a sociedade, mas sim a sociedade que tem que se preparar para construir os fatores que trazem a inclusão. E promover um evento como esse já um diferencial”, destacou.
Em seguida, Fábia palestrou sobre o capacitismo, que é entendido como o preconceito, a opressão e a discriminação contra a pessoa com deficiência, entendendo-a como incapaz. Ela explicou que é preciso estar atento às ações capacitistas, já que, muitas vezes, elas vêm “fantasiadas” de boas intenções, de cuidado e de proteção. “É importante que tenhamos amor e carinho, mas não na perspectiva do coitadismo, da pena, e, sim, na do reconhecimento da subjetividade de cada um, da humanidade da pessoa”. Ela também chamou a atenção para o uso de termos pejorativos, como “feito cego em tiroteio” e “tá surdo?”.
A diretora da Divisão de Desenvolvimento Humano (DDH), Isaura Rodrigues, encerrou a atividade, falando da satisfação por promover a Semana de Acessibilidade e assumindo o compromisso de multiplicar os conhecimentos adquiridos durante o evento.
Confira abaixo alguns exemplos capacitistas:
- Tratar PCDs como heróis, heroínas ou coitados (as);
- Usar PCDs como exemplos de superação ou objeto de motivação e inspiração para as pessoas;
- Hierarquizar as deficiências;
- Usar termos que minimizam a deficiência. São incorretos termos como especial, portador de deficiência, excepcional, pessoas com necessidades especiais, inválido e incapacitado. O correto é pessoa com deficiência;
- Fazer perguntas inoportunas;
- Tratar PCDs com termos infantis;
- Substitua as expressões “cego em tiroteio” por “desnorteado”, “perdido”; “capenga” por “falta algum item”; e “tá surdo?” por “não está prestando atenção à informação?”.
I Semana de Acessibilidade e Inclusão
Com o tema “Acolhendo a Diversidade: o protagonismo da pessoa com deficiência”, a I Semana de Acessibilidade e Inclusão, é uma ação das Comissões Permanentes de Acessibilidade e Inclusão do TRF5 e das Seções Judiciárias vinculadas. As atividades, que começaram na última segunda-feira (19), seguem até a sexta-feira (23).
Além da realização da palestra sobre capacitismo, a programação já contou com o lançamento da publicação "Direito à Inclusão: uma cartilha sobre os direitos das pessoas com deficiência” e de uma campanha solidária para ajudar a Casa Donem - Associação dos Familiares e Amigos dos Portadores de Doenças Neuromusculares. Até o final da semana, também serão realizadas uma oficina presencial com servidores e servidoras com deficiência e uma palestra sobre a gestão da acessibilidade.
Mais informações sobre a I Semana de Acessibilidade e Inclusão.
Publicação "Direito à Inclusão: uma cartilha sobre os direitos das pessoas com deficiência”.
Campanha solidária para ajudar a Casa Donem.
Palestra “Capacitismo e os desafios das pessoas com deficiência”.